À conversa com António Arnaut: Quisemos conhecer melhor a Lyca Mobile - Estratégia e Futuro
Recentemente tive o privilégio de conversar com António Arnaut, o Country Manager da Lyca Mobile Portugal, para desvendar os segredos e aspirações desta prestigiada empresa de telecomunicações virtual que comemora este ano o seu 11º aniversário no nosso mercado.
Com um olhar atento sobre a estratégia atual e os planos para o futuro, mergulhei no universo da Lyca Mobile para compreender a sua essência e o que a torna numa das mais relevantes operadoras no mercado português.
A entrevista abrange a trajetória da empresa, desde a sua chegada ao mercado nacional há mais de uma década, até aos motivos que a levaram a escolher Portugal como alvo para a sua expansão.
O executivo partilhou ainda a sua perspetiva sobre a evolução da indústria de telecomunicações a médio-longo prazo, abordando temas como o potencial do 5G, o eSIM e a crescente digitalização dos serviços.
Esta entrevista é uma oportunidade única para conheceres a fundo a Lyca Mobile, desvendando a sua estratégia atual e os emocionantes horizontes que almeja conquistar no futuro do mercado de telecomunicações em Portugal.
- AF (André Fonseca): Para começar, a Lyca Mobile está no mercado nacional há 11 anos; Na altura, o que os vos atraiu no mercado português e o que é que o tornou num alvo para as vossas operações?
AA (António Arnaut): Quando entrámos no mercado português, em 2012, havia mais operadoras virtuais como nós no mercado: Vectone e Phone-ix dos CTT são apenas alguns exemplos. Portugal é um país virado para o turismo e com forte atração para imigrantes, por isso o grupo Lyca, dono da Lyca Mobile, a maior operadora virtual do mundo, não hesitou em incluir Portugal nos seus planos de expansão e entrou no nosso mercado com preços muito competitivos nas chamadas internacionais para o mundo. O nosso lema era “Call the World for Less”.
O mercado pré-pago foi perdendo tração ao longo dos anos mas foi sempre interessante para todas estas operadoras, e ainda hoje é. No entanto, enquanto os MVNOS existentes foram perdendo força e acabaram por sair do mercado, porque não estavam tão direcionadas para o turismo e comunidades imigrantes (o que constitui uma grande fatia dos consumidores de pré-pagos), a Lyca Mobile conseguiu manter a sua presença de forma sólida, muito graças ao reconhecimento internacional da marca por parte dos imigrantes e turistas. E também os portugueses que cada vez foram percebendo mais a vantagem que tinham em usar cartões pré-pagos, e em particular a Lyca Mobile. O mercado pré-pago representa 33% atualmente das comunicações móveis dos acessos móveis (excluindo M2M) com utilização efetiva em Portugal.
Em resumo, o mercado pré-pago de telecomunicações em Portugal continua a desempenhar um papel importante no fornecimento de serviços de comunicação acessíveis e convenientes para uma ampla gama de clientes graças à flexibilidade, controlo de gastos e opções diversificadas de recarga.
- AF: Explique-nos um pouco melhor o conceito da Lyca Mobile.
AA: A Lyca Mobile é uma operadora móvel virtual (OMV) que utiliza rede de uma OMR (operadora móvel com rede própria). Fornecemos serviços de dados, chamadas nacionais e internacionais e SMS em cartões SIM pré-pagos que fornecemos em todo o país através de uma rede muito grande de lojas do canal tradicional (papelarias e lojas locais de retalhistas), quiosques próprios da Lyca, uma loja oficial na estação de metro da Alameda em Lisboa, grande distribuição e online em lycamobile.pt.
O conceito base da Lyca Mobile é a oferta de dados e chamadas através de planos competitivos, sem necessidade de assinar um contrato e sem fidelização. Oferecemos uma variedade de planos pré-pagos que cobrem as necessidades individuais dos nossos clientes. Os nossos subscritores têm a liberdade de escolher planos que se adequem melhor às suas preferências e orçamento, podendo alterar a qualquer momento (a maioria dos nossos planos é de 30 dias). As nossas recargas são fáceis, os clientes podem recarregar o saldo de forma simples e rápida na rede Multibanco, Payshop, Pagaqui, em várias lojas físicas, quiosques, online ou através da nossa APP.
- AF: Já existindo três grandes operadoras de telecomunicações em Portugal, de que forma é que a Lyca Mobile se destaca?
AA: A Lyca Mobile destaca-se pela liberdade que dá ao cliente na utilização do serviço e pela competitividade dos nossos planos. Por se tratar de uma operadora que vende cartões pré-pagos, temos a vantagem do cliente olhar para nós como uma operadora simples de abordar e usar. Não são precisos contratos, o cliente compra e usa até quando precisar do serviço. Pode deixar de usar o cartão quando quiser já que não tem qualquer período de fidelização para cumprir até ao final. Também temos planos competitivos de voz e dados até 25GB pelo preço de 10€ por mês, o que o cliente valoriza bastante e temos tido um grande destaque e aceitação no mercado. Para quem pretende a melhor oferta pelo melhor preço tem a possibilidade de subscrever os nosso planos pré-pagos de longa duração (3, 6 ou 12 meses) apenas disponíveis no site da Lyca.
- AF: Considera que a versatilidade do serviço da Lyca Mobile pode ser uma mais-valia para o seu público-alvo?
AA: Sem dúvida, pois hoje em dia cada vez são mais as pessoas que não querem estar presas a um contrato ou a um período de fidelização, pois perdem flexibilidade e liberdade. Uma grande tendência atual é alugar em vez de comprar, usar temporariamente em vez de deter um bem para sempre ou durante muito tempo. Nas telecomunicações também existe esse conceito e sabemos que para as novas gerações os serviços têm de ser flexíveis, sem burocracias e sem surpresas. Fidelização não é uma palavra bem recebida pelas gerações mais novas e por isso estamos a começar agora a comunicar também com esse target.
- AF: Com base na recente mudança estratégica da Lyca Mobile (há cerca de um ano atrás), que antes tinha um foco predominante na comunidade imigrante e agora investe igualmente no mercado nacional, o que motivou esta importante alteração? Quais foram os fatores do nosso mercado e dos planos de comunicação nacionais que influenciaram esta decisão?
AA: Não foi só há um ano que começámos a trabalhar o mercado nacional. Esse trabalho tem vindo a ser feito desde o início, mas de facto estamos a dar cada vez mais foco e atenção a esse segmento com o passar dos anos. Não fazia sentido perdermos uma fatia importante do mercado até porque os níveis de turismo e imigração são flutuantes e se não conseguimos controlar esses números, não conseguimos fazer planos sólidos para a marca. Basta ver o que aconteceu durante a pandemia – o turismo deixou e existir e se não tivéssemos já uma base sólida de clientes nacionais nessa altura, não teríamos sobrevivido.
Sempre tentámos chegar ao público nacional com os nossos produtos e serviços. Por exemplo, em 2019 fizemos uma campanha nacional de outdoors e TV com um produto que conjuga chamadas nacionais, internacionais e dados: o plano Lyca Globe, que ainda hoje existe. Este plano é normalmente usado por estrangeiros em Portugal mas pode claramente ser usado por portugueses (e tem sido cada vez mais usado). Não podemos esquecer que a ligação de Portugal ao mundo é muito forte. Presume-se que existam cerca de 2 milhões de portugueses espalhados pelo mundo, com quem os nacionais pretendem manter contacto de forma acessível.
Como não oferecemos apenas serviço de chamadas, mas também de internet, e porque a utilização de dados tem vindo a crescer exponencialmente ao longo dos anos, somos uma opção válida para todos os portugueses, e não só para as comunidades de estrangeiros que vivem cá.
- AF: Gostaria de ouvir a sua opinião e a da empresa sobre: como é que vocês vêem o futuro da indústria de telecomunicações a médio/longo-prazo?
AA: A indústria de telecomunicações vai continuar a evoluir e a adaptar-se às mudanças tecnológicas e às necessidades dos consumidores. Temos a certeza que, o que quer que mude na indústria, vai ter as expectativas do consumidor em mente, porque só assim faz sentido. O eSIM e os serviços em cloud e o IoT vão tornar esta indústria mais digital e menos física. Essa vai ser a grande evolução que já está em curso mas vai-se alargar a mais operadores e atingir mais consumidores.
A implementação do 5G promete velocidades mais rápidas, menor latência e maior capacidade para lidar com o crescente número de dispositivos conectados. O 5G tem o potencial de impulsionar a Internet das Coisas (IoT) e ligar uma série de dispositivos que têm inúmeras aplicações para os consumidores mais ávidos por tecnologia.
Essas são apenas algumas perspetivas de médio-longo prazo na indústria. É importante ressaltar que a natureza dinâmica da tecnologia e das necessidades dos consumidores pode levar a mudanças e inovações não previstas. As telecomunicações continuarão a desempenhar um papel fundamental na conectividade global e na transformação digital em quase todos setores da economia.
- AF: Poderia partilhar quais são os planos futuros da Lyca Mobile, dentro do que pode claro revelar? Por exemplo, incluem a inauguração de mais lojas em todo o país, semelhantes à situada na estação de metro da Alameda, aqui em Lisboa? E em relação ao suporte ao 5G, qual é a atual situação?
AA: A nossa capilariade no retalho tradicional é muito grande e por isso não sentimos necessidade de ter muitas estruturas próprias noutros pontos do país, pelo menos para já. Mas temos a certeza de que vamos continuar a apoiar os retalhistas que vendem Lyca Mobile com todo o material de ponto de venda que precisam para tornar a nossa marca mais visível para todos os seus clientes. Ao todo estamos presentes em mais de 4000 pontos de venda em todo o país. Também temos planos para dinamizar o canal digital de venda e já o estamos a fazer, através de parcerias muito fortes de afiliação.
O futuro próximo da Lyca Mobile Portugal passa pelo eSIM pois vai ser uma adoção incontornável. Aliás a Lyca Mobile no Reino Unido já lançou 5G e eSIM e por isso a adoção dessas tecnologias em Portugal está para breve.