"A Serpente do Essex" é um drama lento e tenso que envolve superstição, ciência e fé (Crítica)
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A Serpente do Essex é uma minissérie Apple TV+, constituída por seis episódios, e baseada na obra homónima da escritora inglesa Sarah Perry, lançada originalmente a 27 de maio de 2016. Embora só tenha chegado ao catálogo do serviço de streaming recentemente (13 de maio de 2022), as notícias sobre o projeto circulam na Internet desde 2020. Na altura, a atriz Keira Knightley tinha sido anunciada como protagonista e produtora executiva da série. Contudo, meses mais tarde, Knightley abandonou o projeto, numa decisão que terá sido motivada pela situação pandémica da Covid-19.
Situada na era Vitoriana, mais precisamente no ano de 1893, a minissérie acompanha Cora Seaborne (Claire Danes), uma mulher londrina que se vê subitamente no papel de viúva. Esta condição permite-lhe, no entanto, libertar-se do casamento infeliz e redutor em que vivia e começar a explorar os interesses que sempre colocou de parte, nomeadamente o interesse pelas ciências naturais e, mais concretamente, a paleontologia.
Seaborne inicia uma jornada de libertação e autoconhecimento e muda-se de Londres para Essex, para investigar os relatos de uma serpente mítica que atormenta os pescadores e os habitantes locais. No tempo livre de que dispõe, Cora consome livros antigos, mapas e recortes de jornais, em busca de mais informações sobre esta serpente, acreditando tratar-se de uma criatura que escapou à evolução natural e criou o seu próprio caminho. Por outro lado, os habitantes de Essex acreditam que a serpente é a vingança pelos pecados cometidos. Já o vigário da vila, Will Ransome (Tom Hiddleston), é cético quanto à existência da serpente e tenta moderar a crescente histeria dos habitantes de Essex, que acreditam tratar-se de uma vingança pelos pecados cometidos. À medida que o enredo progride, torna-se evidente o desconforto da população com a presença de Cora, a quem acusam de ter atraído a criatura marinha.
A serpente da história – existindo ou não – torna-se o fio condutor nesta coleção de personagens e vivências que fazem o final da era vitoriana parecer urgentemente moderna. Temos a companheira de Cora, Martha (Hayley Squires), uma devota socialista e reformadora política; o arrogante e irreverente Luke Garrett (Frank Dillane), um cirurgião cujos métodos experimentais o colocam na vanguarda da sua profissão; e, claro, a própria Cora, mãe e viúva que anseia resolver o mistério, ao mesmo tempo que se tenta reconstruir após a morte do marido. O drama de época revela-se infalível na abordagem de alguns temas fraturantes que dominavam a Inglaterra do século XIX, e que ainda hoje são alvo de reflexão e questionamento. São exemplos as dicotomias fé versus razão, riqueza versus pobreza, aristocracia versus classe trabalhadora, cidade versus campo, entre outras.
A Serpente do Essex é mais um dos títulos que se junta ao catálogo da Apple TV+, onde figuram outras séries de qualidade (como Foundation, Severance ou Pachinko), que provavelmente não têm o público que merecem porque não foram criadas para uma emissora convencional ou um serviço de streaming com uma base maior de subscritores. Como adaptação para a televisão, retém uma boa parte da atmosfera peculiar e sombria do romance e prima, sobretudo, pelo desempenho do elenco. A mão de Clio Barnard ajuda a revestir cada episódio com um tom inquietante e a mistura de abordagens cinematográficas, umas mais clássicas e outras mais recentes, ajudam a tornar esta obra de época singular. O retrato dos personagens e da vila de Aldwinter é pesado, melancólico e ocasionalmente entrecortado por nuvens ameaçadoras.
A Serpente do Essex pode não ser a minissérie mais fácil de assistir e digerir, principalmente por se afastar algumas vezes do seu mistério central. Contudo, é no caos que advém dos conflitos entre a ciência e a fé ou o amor e o ódio que a série realmente marca pontos. Apesar de desenvolver-se lenta e monotonamente, o enredo de A Serpente do Essex é mais intrigante e surpreendente do que aparenta ser.
Nota: 6/10 A Serpente do Essex (The Essex Serpent – Reino Unido, 13 de maio de 2022) Duração: 1ª temporada - seis episódios Realização: Clio Barnard Argumento: Anna Symon Elenco: Claire Danes, Clémence Poésy, Frank Dillane, Gerard Kearns, Hayley Squires, Michael Jibson, Tom Hiddleston
Na semana passada, surgiram rumores que indicavam um possível lançamento dos novos modelos do iPad Pro e do iPad Air para ontem, terça-feira, 26 de março.
O site chinês IT Home, baseando-se em várias listagens da Amazon de capas de terceiros - e não com base em informações específicas de
A Serpente do Essex é uma minissérie Apple TV+, constituída por seis episódios, e baseada na obra homónima da escritora inglesa Sarah Perry, lançada originalmente a 27 de maio de 2016. Embora só tenha chegado ao catálogo do serviço de streaming recentemente (13 de maio de 2022), as notícias sobre o projeto circulam na Internet desde 2020. Na altura, a atriz Keira Knightley tinha sido anunciada como protagonista e produtora executiva da série. Contudo, meses mais tarde, Knightley abandonou o projeto, numa decisão que terá sido motivada pela situação pandémica da Covid-19.
Situada na era Vitoriana, mais precisamente no ano de 1893, a minissérie acompanha Cora Seaborne (Claire Danes), uma mulher londrina que se vê subitamente no papel de viúva. Esta condição permite-lhe, no entanto, libertar-se do casamento infeliz e redutor em que vivia e começar a explorar os interesses que sempre colocou de parte, nomeadamente o interesse pelas ciências naturais e, mais concretamente, a paleontologia.
Seaborne inicia uma jornada de libertação e autoconhecimento e muda-se de Londres para Essex, para investigar os relatos de uma serpente mítica que atormenta os pescadores e os habitantes locais. No tempo livre de que dispõe, Cora consome livros antigos, mapas e recortes de jornais, em busca de mais informações sobre esta serpente, acreditando tratar-se de uma criatura que escapou à evolução natural e criou o seu próprio caminho. Por outro lado, os habitantes de Essex acreditam que a serpente é a vingança pelos pecados cometidos. Já o vigário da vila, Will Ransome (Tom Hiddleston), é cético quanto à existência da serpente e tenta moderar a crescente histeria dos habitantes de Essex, que acreditam tratar-se de uma vingança pelos pecados cometidos. À medida que o enredo progride, torna-se evidente o desconforto da população com a presença de Cora, a quem acusam de ter atraído a criatura marinha.
A serpente da história – existindo ou não – torna-se o fio condutor nesta coleção de personagens e vivências que fazem o final da era vitoriana parecer urgentemente moderna. Temos a companheira de Cora, Martha (Hayley Squires), uma devota socialista e reformadora política; o arrogante e irreverente Luke Garrett (Frank Dillane), um cirurgião cujos métodos experimentais o colocam na vanguarda da sua profissão; e, claro, a própria Cora, mãe e viúva que anseia resolver o mistério, ao mesmo tempo que se tenta reconstruir após a morte do marido. O drama de época revela-se infalível na abordagem de alguns temas fraturantes que dominavam a Inglaterra do século XIX, e que ainda hoje são alvo de reflexão e questionamento. São exemplos as dicotomias fé versus razão, riqueza versus pobreza, aristocracia versus classe trabalhadora, cidade versus campo, entre outras.
A Serpente do Essex é mais um dos títulos que se junta ao catálogo da Apple TV+, onde figuram outras séries de qualidade (como Foundation, Severance ou Pachinko), que provavelmente não têm o público que merecem porque não foram criadas para uma emissora convencional ou um serviço de streaming com uma base maior de subscritores. Como adaptação para a televisão, retém uma boa parte da atmosfera peculiar e sombria do romance e prima, sobretudo, pelo desempenho do elenco. A mão de Clio Barnard ajuda a revestir cada episódio com um tom inquietante e a mistura de abordagens cinematográficas, umas mais clássicas e outras mais recentes, ajudam a tornar esta obra de época singular. O retrato dos personagens e da vila de Aldwinter é pesado, melancólico e ocasionalmente entrecortado por nuvens ameaçadoras.
A Serpente do Essex pode não ser a minissérie mais fácil de assistir e digerir, principalmente por se afastar algumas vezes do seu mistério central. Contudo, é no caos que advém dos conflitos entre a ciência e a fé ou o amor e o ódio que a série realmente marca pontos. Apesar de desenvolver-se lenta e monotonamente, o enredo de A Serpente do Essex é mais intrigante e surpreendente do que aparenta ser.
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