Adeus Cookies: os principais vencedores e os desafios do mercado

O rastreamento de informação dos utilizadores através de third-party cookies está em vias de extinção. Browsers como o Safari, Mozilla Firefox ou o Microsoft Edge já abandonaram os mal-amados algoritmos, com a Google a seguir o mesmo caminho muito em breve com o Chrome.

Ainda que esta forma de rastreamento tenha os dias contados, há novas formas de acompanhar os hábitos e gostos dos utilizadores online de forma a adaptar e personalizar a experiência de utilização. As empresas procuram atualmente alternativas a implementar nos seus sistemas e, na Web Summit 2021, a ESOMAR e a Ipsos estiveram bem representadas para abordar o tema da transição para um mundo sem cookies.

Kristin Luck à esquerda na imagem, Alexandre Guerin no centro e George Slefo à direita.

Kristin Luck, fundadora e presidente da ESOMAR, e Alexandre Guerin, CEO da Ipsos, marcaram presença na conferência internacional para discutir os desafios para as empresas num mercado sem cookies.

Para Kristin Luck a forma como os cookies fazem a recolha dos dados e identidade dos utilizadores de forma cumulativa tornou-se um problema ao nível da privacidade. Alexandre Guerin acredita que os cookies tiveram um papel importante nos últimos anos para a Internet das Coisas, com o seu ciclo de vida a chegar ao fim numa altura em que a privacidade dos utilizadores é cada vez mais importante.

Para ambos os executivos, a ausência dos cookies tem feito com que as empresas procurem outras formas de conhecerem o público, com empresas dedicadas à recolha de dados e elaboração de perfis médios do consumidor. Para Kristin Luck, a busca por uma solução ideal para a elaboração destes perfis vai variar dependendo dos países onde acontecem. Para a presidente da ESOMAR, países como os EUA são dominados pelo setor privado e terão abordagens diferentes de países como a China, onde há um maior controlo governamental, ou os países-membros da União Europeia, onde as questões sociais são cada vez mais importantes.

Alexandre Guerin acredita que o consumidor será o principal vencedor com o desaparecimento dos cookies, já que outras formas mais especializadas (tanto relativamente ao tipo de público, como relativamente a cada setor) serão capazes de gerar publicidade mais precisa e adaptada a cada utilizador. Já Kristin Luck acredita que as grandes empresas como o Facebook ou a Google serão as principais vencedoras, já que a grande coleta de dados será filtrada através dos novos meios de forma mais precisa, enquanto as pequenas empresas poderão vir a sofrer um grande impacto pela perda de uma ferramenta que, ainda que imprecisa, seja a mais acessível, o que poderá ser mais uma barreira para as pequenas empresas enfrentarem no seu crescimento.

Para os dois oradores, ainda é cedo para perceber se as empresas farão uma rápida adaptação ao fim dos cookies, acreditando ambos, no entanto, que o GDPR (em Portugal, o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados) foi um grande exemplo para as empresas em como as mudanças de paradigma na Internet das Coisas pode ter um impacto negativo, com coimas avultadas e complicações legais para as empresas cuja resposta não é a mais rápida.

A palestra terminou com ambos a considerarem que a motivação da Google por uma transição mais cautelosa face à concorrência passa por dar espaço aos seus parceiros comerciais para se adaptarem à nova realidade, o que poderá ser importante para manter a relação de confiança com estas empresas.

Devemos um agradecimento muito especial à NordVPN e à GeekStore pelo patrocínio da nossa cobertura na Web Summit!