Nesta semana, a Google fez a conferência Google I/O que, para quem não conhece, é o equivalente da empresa para a WWDC que estamos a aguardar com tanta ansiedade.
Diferente da WWDC, em que a Apple geralmente anuncia apenas as novidades imediatas que chegarão aos seus produtos, a Google sempre aproveitou a Google I/O para anunciar novidades mais… conceituais. Desta forma, as novidades que os utilizadores de Android receberão (um dia) nos seus telefones dividem o palco com projetos experimentais e conceitos/exercícios tecnológicos que nem sempre vêem a luz do dia.
Neste ano, não foi diferente. Anúncios ambiciosos como o da tecnologia LaMDA e do conceito Starline dividiram o palco com as novidades mais práticas que chegarão aos aparelhos que terão a sorte de um dia rodar o Android 12. O problema é que parece-me que as novidades do Android 12 não deixaram aos entusiastas do sistema terrivelmente empolgados com o que vem por aí, e desconfio que estaremos no mesmo barco na WWDC.
Na realidade, isso não é exatamente um problema. E para explicar o motivo, precisaremos voltar um pouquinho no tempo. Um tempo em que o iOS ainda se chamava iPhone OS, e as apresentações ainda contavam com a presença de figuras como Steve Jobs e Scott Forstall no palco. Lembro, por exemplo, do evento em março de 2009 em que a Apple apresentou o roadmap para o iPhone OS 3.0. Dentre as novidades, o iPhone ganharia a habilidade de enviar e receber MMS além de SMS e traria o tão aguardado recurso de copiar e colar (apenas para texto). Ah, além disso, o iPhone OS 3.0 também traria um recurso bastante inovador: a habilidade de se conectar a dispositivos Bluetooth, como caixas de som e fones de ouvido.
Eu sei que o exemplo é um pouco exagerado, mas acho que ele serve bem para o ponto que eu quero passar. Antes, e especialmente nos primórdios da evolução do iOS, praticamente QUALQUER NOVIDADE era algo bem-vindo e bastante necessário. Tanto a Apple quanto nós, clientes, sentíamos falta de recursos simples e básicos (como copiar/colar), e a lista de recursos básicos que faltavam era gigantesca.
Mas ela não era infinita.
Voltando ao presente, já na 14ª e prestes a conhecer a 15ª versão do iOS, é natural que as grandes novidades estejam minguando. Na verdade, é ótimo! Isso quer dizer que a maior parte dos recursos que realmente faziam falta já existem. Quer dizer que todos nós temos acesso a um sistema robusto e maduro, seja ele Android ou iOS. E se até mesmo na WWDC do ano passado e na Google I/O deste ano a reação do público foi: “meh”, isso significa que talvez falte pouco para conhecermos a próxima grande coisa do mercado de tecnologia. Porque se estamos a chegar ao teto do quanto os nossos iPhones e Androids podem evoluir, as gigantes de tecnologia certamente já sabem disso e estão a preparar-se para o próximo grande passo. O próximo produto que abrirá novas possibilidades.
Eu não tenho grandes expectativas para a WWDC deste ano. Tenho, claro, minha lista de desejos de coisas que fazem falta no iOS (Alô, mensagens favoritas no iMessage!), mas vejo como sinal de maturidade, e não de fraqueza, a possibilidade de não sermos apresentados com algo completamente revolucionário para nossos iPhones.
Para os iPads, claro, é outra história. Mas isso fica para uma outra crónica.
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