O Apple Watch é, talvez, o melhor produto da Apple desde que Tim Cook assumiu o comando da empresa de Cupertino. Mais, talvez seja mesmo aquilo que Tim Cook deixará para a história sobre o que impactou a sua passagem pela Apple.
Porém, o facto deste ser tão bom pode não ser algo positivo para a empresa norte-americana e poderá até ter-se transformado num problema. Pelo menos, é nisso que se pode pensar ao olhar para o relógio inteligente da Apple e no modo como este se pode assemelhar à Tupperware. Como, perguntas?
Imagina o que é uma empresa desenvolver um produto tão bom que, por essa mesma razão, faz com que os potenciais consumidores não façam o upgrade dos relógios com a frequência com que a Apple gostaria. É assim que o vejo.
De acordo com dados da Statista, houve um claro aumento nas vendas de Apple Watch entre 2018 e 2020 – de 22,5 milhões de unidades para 40,3 milhões de unidades. No entanto, os anos seguintes registaram um aumento bem menor e, no caso de 2023, o valor fixou-se em 38,3 milhões.
Em 2020, o modelo apresentado pela Apple foi o Apple Watch Series 6 – bem diferente do antecessor Series 3, já com três anos de vida nesse momento. Porém, se formos muito objetivos, o Series 6 não é assim tão diferente do Series 10.
E, consequentemente, o Apple Watch Series 10 – cuja review podes encontrar aqui – mostra-se mais capaz que qualquer outro modelo, mas não o suficiente, quem sabe, para reforçar o número de vendas no ano presente. Por isso, pergunta-se, onde está o problema?
O problema é que o Apple Watch é um produto tão prematuramente bem desenvolvido, que as diferenças de versão para versão não são notórias. Excetuando o elevado salto em performance da versão inicial para os segundo e terceiro modelos, bem como a mudança drástica no ecrã do Series 3 para os restantes, não há grandes alterações.
Claro que existe, obviamente, uma melhoria residual na capacidade de processamento e, como saberás, em algumas features. Afinal, só os últimos dois modelos – a par do Ultra 2 – suportam o recurso à análise da apneia do sono. Contudo, se não dependeres disso, ou do ECG, qualquer um dos relógios com suporte ao watchOS 11 é perfeito para ti.
E isso, infelizmente para a empresa de Cupertino, faz incluir, por exemplo, o Apple Watch Series 5, lançado em 2019. Tecnologicamente falando, um produto com mais de cinco anos poder, hoje, estar “OK” quando comparado a outros mais recentes é obra. E é algo espetacular para qualquer utilizador ou potencial comprador de um relógio destes. A necessidade de mudar é quase nula.
Mas isso acaba por se tornar penoso para a empresa norte-americana, que sabe que o relógio é demasiado bom há muito tempo e, por isso, pouco há a introduzir. Para muitos, o produto que faz jus ao lock-in da Apple, o Apple Watch pode mesmo ser o melhor produto para o consumidor, e, à primeira vista, o pior para a empresa de Cupertino.
Porém, se tu tens um relógio com quatro, cinco ou seis anos e ainda não mudaste, é porque realmente gostas deste produto que, comicamente, só podes usar com um iPhone. Portanto, afinal é win-win para ti...e para a Apple. Que final feliz.
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