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"Calls" é uma experiência auditiva singular, mas não revolucionária (Crítica)
Daniel Pinto

"Calls" é uma experiência auditiva singular, mas não revolucionária (Crítica)

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Em 2022, as plataformas de streaming continuam a ser um dos meios mais utilizados para o consumo de filmes e séries. Das várias opções disponíveis, uma das menos populares e priorizadas é a Apple TV+, embora se tenha destacado recentemente com a atribuição do Óscar de Melhor Filme ao indie CODA e a produções de relevo que entraram no catálogo como Ted Lasso, The Morning Show ou Servant.

A estes títulos juntou-se Calls, em março de 2021. O thriller é uma adaptação da série homónima francesa criada por Timothée Hochet para o Canal Plus, e foi encomendada pela Apple em 2018, altura em que a sua plataforma de streaming não tinha ainda sido lançada. De acordo com a Apple TV+, Calls é “uma experiência pioneira e imersiva de televisão” que transforma uma série de chamadas entre vários personagens num thriller ousado e minimalista. Algumas destas vozes serão certamente conhecidas do espetador, tendo sido emprestadas por Aaron Taylor-Johnson, Aubrey Plaza, Judy Greer, Karen Gillan, Lily Collins, Nick Jonas, Pedro Pascal, entre outros.

Realizada por Fede Álvarez, responsável por A Noite dos Mortos-Vivos ou Nem Respires, Calls é uma série de nove episódios curtos – cuja duração varia entre os 13 e os 21 minutos –, bastante diferente do que estamos habituados a ver. Cada um dos episódios gira em torno de chamadas telefónicas entre duas ou mais pessoas e acompanha histórias independentes (ao estilo de Black Mirror), embora todas contribuam para o panorama de uma situação macro em comum. O primeiro episódio serve de introdução para o evento apocalíptico retratado na série e os restantes acompanham outros personagens em datas que antecedem este acontecimento.

Os únicos elementos visuais presentes no ecrã são os nomes dos personagens, a transcrição das chamadas e um gráfico vivo, que dança e pulsa à medida que a narrativa se adensa. A ausência de rostos, de cenários e de um contexto físico, instiga-nos a usar a imaginação para unir as pontas soltas e encontrar a lógica da trama. Cada episódio é um tenso e excitante exercício mental, com o inconveniente de existir alguma repetição temática.

Calls apresenta-se como uma das apostas mais ousadas e imersivas da Apple TV+. Intrigante e imersiva, evidencia-se sobretudo ao nível do argumento, realização e desempenho dos atores. A adaptação é uma espécie de experiência auditiva que se traduz visualmente no ecrã, entregando uma história intrigante e repleta de vozes conhecidas. Os episódios de curta duração tornam a narrativa ágil e empolgante, embora certas histórias careçam de alguma complexidade. Calls é a evidência de que o verdadeiro terror está na interpretação do que não podemos ver e nos lugares desconcertantes para onde a nossa imaginação nos transporta.

Nota: 8/10

Calls (Calls – EUA, 19 de março de 2021)
Duração: nove episódios
Criador: Timothée Hochet
Realização: Fede Álvarez
Argumento: Fede Álvarez, Nick Cuse, Aidan Fitzgerald, Noah Gardner, Rodo Sayagues
Elenco: Aaron Taylor-Johnson, Aubrey Plaza, Ben Schwartz, Clancy Brown, Danny Huston, Danny Pudi, Edi Patterson, Jaeden Martell, Jennifer Tilly, Joey King, Johnny Sneed, Judy Greer, Karen Gillan, Laura Harrier, Lily Collins, Mark Duplass, Nick Jonas, Nicholas Braun, Paola Nuñez, Paul Walter Hauser, Pedro Pascal, Riley Keough, Rosario Dawson, Stephen Lang

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Críticas