Com o lançamento do Apple Vision Pro e com uma lista de apps conhecidas não disponíveis na App Store do visionOS (sim Netflix e YouTube, vocês são as apps), parece que ainda não percebemos como utilizar a grande novidade de computação espacial da Apple, as opiniões dividem-se entre uma nova forma de entretenimento e uma nova ferramenta de trabalho. O que sabemos é que a novidade é tão grande que continuamos sem saber o que fazer com os $3499.
Em julho de 2023, no final do Keynote inicial da WWDC ’23, Tim Cook aparece em palco com o icónico “one more thing” e revela ao mundo a aposta da Apple no mundo de AR e VR, depois descrita como computação espacial. O Apple Vision Pro foi apresentado e o keynote acabou com o ecoar de $3499 como preço de partida e uma data de lançamento “algures” em 2024. Eu sei que levei as mãos à cabeça, pedi desculpa à minha carteira e pensei “Como é que vou usar isto no dia a dia?”.
Estamos no lançamento e agora sabemos que podemos usar o Zoom, porque tudo o que eu quero é fazer videochamadas de trabalho com os meus colegas em “computação espacial”, ou então ser transportado para o meio de planetas distantes e tentar ver um filme do princípio ao fim em 3D nas 2,5h de bateria que o Apple Vision Pro oferece, que tecnicamente é a bateria exterior que deve ficar no bolso das calças que oferece. Olhando para os 2 casos, eu iria querer que a bateria acabasse no Zoom, não na experiência de ver a saga Star Wars em 3D no meio de Tatooine, através da app nativa da Disney+ e da sua integração com os ambientes do Apple Vision Pro.
Isto leva-me a pensar, porque iria eu querer gastar “alguns” ordenados para ver (em conforto) filmes às metades. Pensando melhor, ver o último Avatar em partes de 2,5h torna toda a experiência mais tolerável, mas isso é para outra altura. E mesmo falando de um filme que adore, ter de pensar se tenho bateria suficiente para o ver ou se quero usufruir da bateria que dura todo o dia ligada à tomada, eu sei de certeza que esta escolha não devia existir em 2024, não devia ser um (dos muitos) compromissos.
Aqui começo a ver os problemas e o espelho de estarmos a falar de um dispositivo de primeira geração. Os compromissos são muitos e grandes, e claro que o Apple Vision Pro é uma primeira geração, mas óculos de realidade virtual ou aumentada não são novidade. Comprar esta nova aposta da Apple faz-nos pagar para entrar num teste beta e estar disposto a enfrentar todos os problemas que isso traz. Parece que os compromissos são muitos, as mais valias parecem não ser as suficientes e o preço não deixa de começar nos $3500.
Por agora estou safo desta escolha, com o lançamento exclusivo aos Estados Unidos, ao ponto de ser necessária uma conta de iCloud americana para aceder a literalmente tudo no Apple Vision Pro, faz com que eu não sofra tanto de FOMO (Fear Of Missing Out) e faz-me pensar ainda mais: Primeira geração, nova categoria, muitos compromissos e preço elevado.
Sendo eu um Apple Fanboy (primeira e última vez que o admito), será que o Apple Vision Pro não é para mim? Não nos podemos esquecer que tudo o que fazemos com ele tem de justificar o preço elevado. Será que a própria Apple sabe como o usar?
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