Grandes expectativas para um evento de baixas expectativas
Tentei procurar na minha memória, mas não consegui localizar qual foi o último evento da Apple sobre o qual nós sabíamos tanto (ou talvez tudo) a respeito do que estaria por vir.
Para o evento da próxima quarta-feira, 7 de setembro, não faltam rumores a respeito do que será apresentado, e também sobre o que não será apresentado. Ainda assim, talvez em parte pelo facto de – ao que tudo indica – esta ser a primeira volta a um evento realmente ao vivo desde o início da pandemia, estou particularmente empolgado quanto ao que vem por aí.
Para os entusiastas do Apple Watch, o evento deve ser um marco na história do produto, com a apresentação de um modelo desenvolvido especificamente para o público mais ativo. Particularmente (e não limitado a, como diriam os advogados) o público desportivo, que sempre teve de se contentar com o modelo de alumínio, ironicamente mais frágil do que os outros modelos.
É bem verdade que a Apple deixou de chamar o modelo mais básico de Apple Watch Sport bem no início da vida desta linha de dispositivos, mas até hoje ela nunca fez muito esforço para desassociar essa percepção. As pulseiras de silicone, por exemplo, até hoje são chamadas de modelo desportivo.
Portanto, um modelo novo, mais resistente, e talvez maior do Apple Watch parece-me ser uma ideia bem empolgante porque indica que a Apple está pronta para expandir a família de produtos do Apple Watch da mesma forma que ela levou quase uma década para sentir-se pronta para expandir a família de produtos do iPhone. Sem ter visto o dito Apple Watch Pro (ou seja lá qual será o nome dele), ele já muito me interessa. Só torço para que ele não seja o dito modelo com os cantos retos, ao invés do tradicional design arredondado, um rumor que até hoje segue relativamente forte nos círculos de apostas e adivinhações sobre o futuro da Maçã.
Já para o mundo do iPhone, este ano deve marcar uma mudança gigantesca na estrutura e na disposição da linha. Se a Apple de facto confirmar que a linha do iPhone 14 será composta por apenas 2 tamanhos, uma versão Pro e uma versão normal para cada tamanho, e se confirmar que apenas os modelos Pro contarão com a nova geração de processadores, na prática podemos dizer que a Apple terá adotado um modelo de negócio que envolve lançar um iPhone e o seu modelo S no mesmo ano, algo inédito. Só me sinto mal pelo iPhone mini, que mais uma vez teve a chance de firmar-se como um modelo digno de ser atualizado com a mesma frequência que os seus irmãos maiores, e que mais uma vez parece que ficará pelo caminho.
Ainda sobre os novos iPhones, o rumor é que os modelos mais compostos ganharão um bem-vindo ecrã sempre ativo, e perderão o notch em favor de um recorte em formato de uma grande pílula horizontal (e não uma pequena pílula ao lado de um ponto, como era o rumor até ao começo desta semana). Se isso se confirmar, essa será outra grande mudança estética na direção do iPhone dos meus sonhos, que seria um modelo sem qualquer condenável intervenção no ecrã e nos conteúdos que dão ao iPhone um motivo para existir.
E por fim sobre esses novos iPhones, a minha expectativa está em linha com os rumores mais atuais a respeito da nomenclatura. Diz-se por aí que a Apple não utilizará o nome Max para o modelo base maior, optando pela volta da nomenclatura Plus. Para mim, isso faz completo sentido, já que se tivermos 2 modelos Max, isso não faria exatamente muito sentido semântico. Max indica algo único e inatingível, e se tiveres duas coisas únicas… bem, elas deixam de ser únicas. São duas. Então o nome Plus parece-me mais semanticamente apropriado para esse modelo, bem como era na época em que a Apple introduziu esta nomenclatura.
E o que mais esperar do evento? HomePod? AirPods? O tal headset imersivo? Essas são possibilidades, é claro, mas pouco prováveis. Exceto talvez pelo HomePod grande. A experiência diz-me que essa seria uma daquelas genuínas surpresas que a Apple teria conseguido guardar como segredo até provavelmente horas antes do evento, apenas para a notícia da sua fuga de informação tornar-se irrelevante por concorrer com a notícia do seu próprio anúncio. O evento de anúncio de um iPhone é o evento mais forte do ano para a Apple, e por isso ela tende a ser bastante estratégica quanto aos produtos que ela julga que merecem dividir essa atenção. O HomePod parece-me que poderia ser um desses produtos, afinal a sua primeira versão não foi exatamente um grande sucesso e a sua próxima versão poderia contar com um bem-vindo empurrãozinho de atenção ao partilhar o palco com o iPhone.
Já o headset, bem, este não precisa de ajuda nenhuma para chamar a atenção. Na verdade, quando a Apple resolver anunciar o headset imersivo, ele deve ser o grande destaque do evento. Talvez até, o único motivo do evento. O que talvez signifique que nem mesmo no tal evento de outubro nós tenhamos a oportunidade de conhecê-lo.
Mas tudo bem. Mesmo sem o headset, estaremos suficientemente entretidos com os novos iPhones e Apple Watches, e todas as questões que inevitavelmente o mundo da tecnologia passará semanas a discutir como eles poderiam ser diferentes.