De um iPhone 8 Plus para um iPhone 12 Pro. As diferenças são muitas, mas ao fim de dois meses, parece que já passaram dois anos. Confuso? Segue comigo.
Tenho utilizado o iPhone 12 Pro desde o dia de lançamento ao público, ou seja, há mais ou menos 2 meses. Este tempo já me deu visão suficiente para te poder falar melhor sobre a minha experiência com o mais novo membro da família de iPhones que se aclama como um modelo Pro.
Este artigo encontra-se dividido em diferentes tópicos de forma a tornar mais explicito cada ponto forte ou fraco deste modelo. Comecemos, então, pelo design.
Design
Com um design inspirado no bem sucedido iPhone 4, este modelo traz os cantos flat que, para mim, o tornam no melhor design em qualquer smartphone atualmente. É fácil de agarrar e não escorrega nas mãos quando o estamos a utilizar, pelo que, transmite segurança e, estranhamente, conforto.
Assumo que não sou um caseless guy, pois custa-me dar o dinheiro e imaginar sequer que posso deixar cair o equipamento e vê-lo partir-se ou ficar arranhado. No entanto, utilizei-o sem capa durante tempo suficiente para saber que os materais e a forma como está construido lhe proporcionam um conforto e acabamento inigualável.
Os cantos que causaram comentários diversos sobre o facto de serem um íman de marcas de impressões digitais, são lindos de ver e incríveis de tocar. Claro é que, se utilizares com uma capa nem reparas neles. O facto de ter um acabamento brilhante proporciona um contraste muito bonito com a traseira em vidro fosco.
Ainda no que toca ao design, este foi o primeiro smartphone que me conseguiu fazer fugir dos pretos/cinzentos. Desde que me lembro, sempre que comprei um telemóvel ou smartphone que optei pela sua versão mais próxima do preto. Tal não aconteceu desta vez. O Azul Pacífico deixou-me completamente apaixonado ainda no tempo dos rumores e, quando o vi na apresentação oficial, claro que não lhe resisti.
O tamanho de aproximadamente 15,5 centímetros de diagonal é, para quem vem de um iPhone 8 Plus, perfeito para utilizar com apenas uma mão. Consigo chegar facilmente a todos os cantos, mas continuando a ter um tamanho de ecrã grande suficiente para consumo multimédia. Em relação ao peso, apesar de considerar que este modelo continua a ser um pouco pesado, é, de facto, mais leve do que o meu iPhone anterior, pelo que não me queixo muito nesse tópico.
No entanto, o design deste iPhone tem-me trazido algum incómodo quando estou muito tempo em chamadas com ele encostado ao ouvido. Os cantos que deixaram de ser arredondados parecem que, por vezes, me querem cortar as orelhas. Mais um motivo para dar ainda mais uso aos meus AirPods Pro, os quais já analisei também aqui.
Ecrã
É facto que sou um tech guy. Adoro tecnologia e experiências de qualidade. Já tenho utilizado ecrãs OLED desde o tempo do meu Samsung Galaxy S4. Os displays da Samsung são de uma qualidade exímia e este não fica atrás.
Claro que, para quem vem de um iPhone 8 Plus (com ecrã IPS), a primeira vez que liguei este novo iPhone 12 Pro, soltei um honesto:
WOW!
É também claro que, se tens um iPhone X ou superior, este não te surpreenderá em nada.
O notch no topo da parte frontal do equipamento é... invisível. A sério, eu nem reparo que ele lá está. Sem dúvida que gostava de ver um iPhone sem qualquer notch. Mas não aconteceu e também não me chateia. É caso para dizer que primeiro estranha-se mas depois entranha-se.
Além disso, o ecrã do iPhone tem uma proporção pouco comum em multimédia. Quer isso dizer que, na maior parte das vezes que quiseres ver vídeos, filmes ou séries, não te irá incomodar. Até porque, o ecrã OLED consegue pretos tão profundos que mal se nota a diferença entre o que é ecrã e o que é o notch.
Câmara
As câmaras deste smartphone são o seu grande trunfo e o que o faz ser considerado um modelo Pro por parte da Apple. São três e funcionam em conjunto com um sensor LiDAR para melhor focagem em ambientes escuros.
Não vou estar a referir especificações de cada uma porque isso muitos de vocês já sabem. E, sendo as câmaras muito semelhantes aos modelos do ano anterior, vou focar no que é a utilização das mesmas e as diferenças que senti ao vir de um iPhone 8 Plus.
Só de abrir a câmara principal, sem sequer mudar de lente, a diferença é notória. A imagem parece de muito melhor qualidade e o HDR faz com que estas não fiquem demasiado claras nas zonas com muita luz quando foco numa zona com menos iluminação. Aplicar 2x ou 0,5x zoom é uma experiência fluida e mal se nota a transição entre os sensores, sobretudo quando se está a gravar um vídeo.
No que toca à teleobjetiva, o efeito de desfoque sofreu severas melhorias (quando comparado com o meu antigo 8 Plus) e permite até alterar entre 1x e 2x. Foi nela que notei o maior avanço. Agora, até objetos consigo facilmente fotografar com o efeito de desfoque, quando antigamente era uma dor de cabeça e raramente conseguia que ficasse bem. Óbvio é que as fotografias retrato a pessoas ficam igualmente de excelente qualidade com um desfoque muito bem conseguido.
Das três, a ultrawide era a única que eu nunca tinha utilizado anteriormente. Consegue-se tirar excelentes fotos de ângulos diferentes e que capturam uma maior área. É aquilo a que eu chamo uma funcionalidade que provavelmente não se vai utilizar todos os dias, mas quando se precisa, está lá.
Em relação ao iPhone 11 Pro, do ano passado, a grande melhoria é o modo noite que ficou disponível em todas as câmaras. Assim, com o iPhone 12 Pro posso agora tirar fotografias em ultrawide ou modo profundidade e continuar a tirar proveito do modo noite para melhorar as cores e a luminosidade da fotografia noturna. As fotografias obtidas com este modo são, na maior parte das vezes, de excelente qualidade.
Fica a faltar a câmara frontal. Apesar de lhe ter dado pouco uso, também porque agora devemos procurar sair o menos possível de casa, houve melhorias muito significativas em comparação ao que eu tinha anteriormente. O modo noite na câmara frontal, esse não pareceu ser assim grande coisa das poucas vezes que usei, uma vez que a imagem ficou com imenso ruído.
LiDAR
LiDAR significa Light Detection And Ranging e é uma tecnologia ótica de deteção à distância que mede propriedades da luz refletida de modo a obter a distância e/ou outra informação a respeito um determinado objeto.
Assim, o sensor LiDAR presente no iPhone 12 Pro e Pro Max permite obter com maior precisão a distância entre objetos. A Apple utiliza este sensor sobretudo com dois propósitos: melhor foco em ambientes com más condições de luminosidade e medições com a app Fita Métrica.
Foi precisamente dessa app que retirei as imagens abaixo.
Como podes ver, a aplicação continua a não ser 100% fiável. No entanto, acho que em muitas situações dá para o desenrrasque. Se conseguires melhores condições de iluminação e apanhares as manhas do sensor, consegues resultados muito precisos.
Apple ProRAW
O Apple ProRAW é outra das poucas funcionalidades extra dos modelos Pro deste ano. Esta funcionalidade promete proporcionar ao utilizador uma maior capacidade de manipulação das fotografias capturadas com o dispositivo. Sinceramente, ainda não testei muito esta opção até porque ainda é recente, uma vez que só ficou disposnível com o iOS 14.3.
As imagens abaixo são dois exemplos de fotografias capturadas sem o modo RAW ativo (esquerda) e com o modo RAW ativo (direita). Consegue-se facilmente perceber que as fotografias em RAW têm menos pós-processamento, no entanto, com bastante qualidade.
Repara sobretudo no céu, em que nas fotos com RAW apresenta um azul menos vivo. Nota que nenhuma das fotos foi editada.
Se queres saber mais sobre o tema podes ver o artigo que já escrevemos aqui no iFeed.
Desempenho
Com o A14, este é sem sombra de dúvidas, o mais poderoso smartphone do mercado no momento. E, claro, é o iPhone mais rápido de sempre.
É óbvio que, no dia a dia, vais reparar na velocidade do smartphone. O sistema é super fluido e nunca terás problemas a abrir ou transicionar entre aplicações. Melhor que isso, muitas vezes dou por mim com aplicações que ficaram abertas em background durante imenso tempo. Aliás, aquela que mais reparo e que mais me chama à atenção é o Pokemon Go (sim, eu ainda jogo Pokemon Go) que se mantém aberta dias a fio mesmo só jogando uma vez por dia.
O facto das aplicações ficarem abertas tanto tempo em background é sobretudo devido à memória RAM deste equipamento que é superior aos modelos base, o iPhone 12 mini e o iPhone 12. No entanto, há claro aplicações que não estão devidamente otimizadas e que teimam em fechar regularmente, como é o caso do YouTube.
Software
Com o iPhone 12, chegou o iOS 14. E, com ele chegaram os widgets. Esta foi a grande novidade do sistema operativo que apesar de na teoria parecer bem útil, na prática, a conversa não é a mesma. Adoro utilizar o widget das fotografias, pois permite-me relembrar momentos passados, mas fora isso, não dou uso a muitos mais. Tenho o da meteorologia, pelo facto de não ter de abrir a aplicação para apenas saber se vai ou não chover e também o do calendário. Todas as outras achei-as dispensáveis e pouco úteis. Talvez por terem sido mal projetadas.
Apesar de no Android os widgets permitirem mais funções do que no iOS, tenho que admitir que já no tempo em que tinha o meu velhinho Samsung Galaxy S4, ou o Galaxy S6 acabava por arrumar os widgets e procurar uma experiências mais iOS-like.
O sistema, no entanto, continua a pecar, na minha opinião, em dois aspetos:
- Não ter possibilidade de Always On Display.
- Não permitir fazer multitasking e ter duas aplicações abertas ao mesmo tempo, como no iPadOS.
No que toca ao primeiro pecado, era facilmente resolvível se a Apple tivesse lançado este iPhone já com um display LTPO, permitindo fazer o mesmo que o Apple Watch Series 5 faz e ter o ecrã ligado com uma taxa de atualização muito reduzida.
Já o segundo tópico, não há justificação para ainda não estar disponível. O iPadOS, baseado no iOS, já apresenta esta funcionalidade há anos, e no iPhone a Apple continua a evitar disponibilizá-la. Provavelmente consideram que o ecrã é demasiado pequeno e não faz sentido tê-la, no entanto, esta é daquelas funcionalidades que não se usa todos os dias, mas quando precisamos, sabemos que está lá.
Funcionalidades Comuns
Mesmo sendo o modelo considerado pela Apple como Pro, este contém as funcionalidades base que os modelos abaixo também têm e que chegaram este ano: o 5G e o MagSafe.
5G
Sem compreender bem porquê, a Apple deu uma enorme enfâse a este tópico aquando da apresentação da mais recente linha do iPhone.
No entanto, é verdade que o 5G vem marcar uma nova era de comunicações móveis e abrir portas a novas tecnologias e formas de comunicar. De notar em relação a este tópico, é o facto de nenhum dos modelos vendidos em Portugal ter suporte para as mmWave do 5G. Mas, de facto, pouco importa, uma vez que essa banda não deverá estar disponível em Portugal tão cedo.
Se estás interessado no tema, já te falei em detalhe sobre ele no artigo abaixo.
MagSafe
A 12 de setembro de 2017, a Apple apresentava o AirPower - a solução de carregamento sem fios da empres da Maçã que prometia carregar ao mesmo tempo e em qualquer posição, todos os dispositivos compatíveis com a tecnologia Qi e, ainda, o Apple Watch. Em 2019 a Apple cancelou o produto sem este ter sequer visto as prateleiras das lojas.
Para dar a volta à situação, surgiu o MagSafe. Este termo não é novo e já foi utilizado pela Apple anteriormente em soluções de carregamento com íman. Agora, o MagSafe ganhou uma versão wireless e compatibilidade com o iPhone.
A ideia parece promissora: um carregador que faz uso de ímanes para se alinhar de forma perfeita e poder ter o máximo de eficiência. Na prática, a história poderá ser diferente.
Carregador
A nova forma de carregamento criada pela gigante de Cupertino veio como uma solução ao carregamento com fios, mas será que é o que os consumidores querem?
Honestamente, não comprei um carregador MagSafe. Por uma razão simples: tenho carregadores wireless que cheguem em casa e não senti necessidade de ter mais um. A somar a isso, a minha bateria dura-me o dia todo, pelo que só necessito de colocar o iPhone a carregar quando vou dormir.
A solução da Apple parece inteligente e promissora. Ao alinhar perfeitamente as bobines de carregamento em ambos os lados, garantem que a eficiência será a máxima permitida pela tecnologia. No entanto, ter de gastar 45 euros num carregador MagSafe que, ainda por cima, vem sem adaptador de corrente? Na prática teria de gastar 70 euros pelo carregador completo (45€+25€) para poder carregar o meu iPhone e usufruir ao máximo do MagSafe. Problema: o carregador Apple MagSafe dá um máximo de 15W que, na minha opinião, é vergonhoso comparado com o que a concorrência já faz sem sequer utilizar ímanes de alinhamento.
Fora isso, e isto já sobre o que fui ouvindo e vendo na internet, ao que parece o carregador aquece imenso quando está a carregar à sua máxima capacidade, pelo que fica dificil de segurar o iPhone na mão. A pergunta levanta-se: de que serve então um carregador MagSafe se não é confortável utilizar o iPhone enquanto ele carrega?
Acessórios
Aquilo que mais me fascina no MagSafe é a possibilidade de novos acessórios. A carteira com MagSafe parece-me, pessoalmente, algo muito útil, uma vez que já transporto poucos cartões comigo diariamente. O suporte para o carro e o carregador 3 em 1 da Belkin são duas das melhores implementações do MagSafe que já vi até ao dia de redação deste artigo. Estou curioso com o que poderá surgir por aí.
No tópico do que poderá surgir, já se falou no desejo de a Apple fazer uma atualização à Smart Battery Case e torná-la num acessório MagSafe que pode ser retirado fácilmente da traseira do iPhone.
Bateria
Neste tópico apenas posso comparar com o que já utilizei e, em relação ao reformado 8 Plus, a diferença é notória! Claro que, relembro, o meu 8 Plus já tinha 3 anos de uso intensivo em cima. É normal que, ao fim de tanto tempo, a bateria esteja já bem desgastada. No entanto, para termos de comparação, o estado da bateria do meu iPhone 8 Plus era de 83% (esteve neste estado 1 ano inteiro, o que põe um pouco em causa as medições do algoritmo da Apple) e, para o meu uso, já necessitava de o carregar sempre 2 vezes por dia, às vezes 3.
Agora, com o iPhone 12 Pro, faço literalmente tudo o que fazia e ainda mais coisas e a bateria dura perfeitamente para o dia todo. Conto pelos dedos de uma mão as vezes que, em dois meses, cheguei ao final do dia perto dos 0%. Mais uma vez relembro que eu sou um utilizador intensivo de smartphone. Num dia normal de trabalho, tenho a dizer que chego à cama com cerca de 50% de carga.
Em falta...
Ao longo desta análise já fui dando muitas vezes a entender o que acho que faltou neste modelo do iPhone. A começar pelo ecrã com taxa de atualização adaptativa, ao notch mais reduzido. No entanto, aquela que sinto que realmente faria a diferença, era o Touch ID. Nem precisava de ser debaixo do ecrã, simplesmente no botão power, em semelhança ao iPad Air lançado ainda antes do iPhone 12. Isto porque no período de pandemia que atravessamos, o Face ID com as máscaras já me fez soltar muitos suspiros em praça pública.
O Veredicto Final
Estou convicto que este iPhone não é para todos. E, a Apple também sabia disso quando o criou. É um modelo que vem para agradar a um público muito específico: os que querem ter o máximo de funcionalidades, mas que detestam um ecrã muito grande.
Podemos considerar o iPhone 12 Pro Max como o topo de gama da Apple. Claro que, com um tamanho maior, a Apple conseguiu incorporar sensores maiores em algumas câmaras, algo que faz todo o sentido. Mas eu, como ex-utilizador de um iPhone 8 Plus, jurei a mim mesmo que nunca mais compraria um smartphone com um corpo tão grande. Simplesmente não é para mim. Ainda por cima, apaxionei-me logo pelo iPhone 12 Pro assim que o vi.
A verdade, no entanto, é que a esmagadora maioria dos consumidores ficará perfeitamente bem servido com o iPhone 12. O tamanho é o mesmo, o ecrã é o mesmo e o sistema é também o mesmo. Perde nas câmaras e na memória RAM. Mas, creio que isso não justifica o preço para o consumidor comum.
Contudo, se gostas de umas boas fotos, valorizas ter as funcionalidades prontas para quando as queres utilizar e, acima de tudo, tens o dinheiro para dar, então a tua escolha pode facilmente cair sobre o iPhone 12 Pro.
Qualquer que seja o caso, se o teu desejo é comprar um iPhone, a recomendação vai sobretudo para um dos nossos patrocinadores: a iGeeks.
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