O Apple Watch é o produto mais empolgante da Apple na atualidade
Em abril deste ano, na manhã do meu aniversário, o Apple Watch despertou-me às 6h da manhã a informar que havia detectado um ritmo cardíaco irregular consistente com fibrilhação auricular. A mensagem recomendava que, se fosse algo inesperado, eu procurasse ajuda, e foi precisamente o que eu fiz.
Ao chegar no hospital, os médicos encararam com ceticismo o diagnóstico vindo do computador no meu pulso. Somente depois de fazerem um eletrocardiograma utilizando os equipamentos do próprio hospital e comprovarem o mesmo resultado, o ceticismo deu lugar a muita pressa e preocupação para tratar da minha arritmia.
Enquanto eu esperava o remédio fazer efeito, pensei nos tantos casos que li (e alguns que cheguei a reportar no Loop Matinal) em que o Apple Watch havia feito a identificação da tal fibrilhação auricular. Não me escapou a ironia de ter virado a mesma notícia que por tantas vezes eu li e reportei.
Quem me acompanha faz tempo sabe que eu sou um utilizador do Apple Watch desde o primeiro dia do lançamento. À época, contribuindo para o querido Blog do iPhone, fui enviado aos Estados Unidos para fazer a cobertura do lançamento. Daquele dia em diante, nunca passei mais do que algumas horas sem o Apple Watch no braço. Ainda bem.
A exploração do hábito de utilizar o Apple Watch deu origem a diversas adaptações no meu dia a dia. A primeira, que veio imediatamente com o lançamento do dispositivo, foi a da redução da quantidade de notificações que recebo todos os dias. No momento de configurar o Apple Watch, selecionei o ajuste que encaminhava para o dispositivo todas as notificações recebidas no telefone. Não durou. Percebi que o ideal para mim seria receber apenas as notificações REALMENTE importantes no relógio, o que por sua vez me incentivou a me livrar de notificações supérfluas no iPhone também.
Já a segunda adaptação foi no campo das atividades físicas. Em junho do mesmo ano, resolvi desafiar-me a completar as três argolas do Apple Watch todos os dias. Sigo fazendo isso até hoje, sem ter perdido um dia sequer. Se tenho um voo para apanhar, acordo mais cedo para fazer exercícios. Se o dia for corrido, separo as últimas horas do dia para fazê-los. Já aconteceu eu sair de casa no frio, às 23h de um domingo, apenas para completar a argola de calorias. E, confesso, não foi uma vez só.
A terceira adaptação, muito parecida, foi a de topar o desafio da app Pedometer++ de completar 10.000 passos todos os dias. Isso foi há 1.113 dias, também sem ter perdido nenhum.
Por fim, o sono. Este não é exatamente um desafio, mas sim um acompanhamento que gosto de fazer com o adoravelmente feioso (mas poderosíssimo) Autosleep. Intepretar os dados de sono na manhã seguinte ensinaram-me a reconhecer instintivamente as boas e ruins noites de sono. Ensinaram-me também que o consumo de álcool acelera o batimento cardíaco e, de entre outras coisas, não permite um sono profundo adequadamente.
E, falando em batimento cardíaco, voltamos aqui ao início do texto. O meu coração. Não fosse o Apple Watch, não fosse o meu contínuo interesse pelo rastreamento das minhas atividades físicas e do meu sono, é impossível dizer sequer se eu estaria aqui hoje para contar esta história.
E é por isso que, do ponto de vista de um entusiasta de tecnologia, tem sido incrivelmente interessante ver a evolução do Apple Watch. De início, a miniaturização de todas as tecnologias que permitem que ele funcione e por si só um milagre digital. Não só do Apple Watch, é claro, mas sim de todo o mercado de rastreadores de saúde e vestíveis inteligentes. Mas, especificamente em relação ao Apple Watch, tem sido interessante e até mesmo recompensador observar como, a cada atualização do watchOS, a cada nova Série anunciada pela Apple, o relógio dá saltos tecnológicos que seriam impensáveis há poucos anos.
Com o anúncio do Apple Watch Series 6 e o seu oxímetro (apropriadíssimo para o momento), a Apple reafirmou o meu palpite de que as possibilidades de diagnóstico e acompanhamento de saúde por meio do pulso são enormes. Do ECG ao oxímetro, de um possível medidor de glicose (como? sei lá! Este é o trabalho da Apple) aos inúmeros estudos de saúde que dezenas de universidades pelo mundo têm conseguido fazer com voluntários utilizadores do relógio, eu não tenho o menor medo de errar quando digo que este é, de longe, o produto mais interessante, mais promissor e, principalmente, mais importante que a Apple tem vindo a desenvolver.
Se, no Apple Watch Series 0, o grande diferencial era a possibilidade de receber notificações no pulso e, ao mesmo tempo, ficares mais próximo dos teus contactos mais importantes, hoje em dia este pequeno computador de pulso já é capaz de iluminar a tua pele para medir quanto oxigénio os teus pulmões estão a conseguir jogar na corrente sanguínea.
E sabe qual é a parte mais porreira? O Apple Watch tem apenas 5 anos. Este, certamente, é apenas o começo.