Como o próprio nome indica, o iPhone SE 2020 foi lançado nesse mesmo ano, como sucessor espiritual da primeira geração deste modelo, datada de 2016. Assim como o seu antecessor, o SE 2020 seguiu uma receita de sucesso: o emprego do chip mais poderoso da altura no chassis de um iPhone mais antigo e tradicional. O resultado, em abono da verdade, não foi avassalador: numa altura em que todos os smartphones já possuíam ecrãs de ponta a ponta, um novo modelo com display 16:9 não foi visto com bons olhos pela crítica... Mas, ainda assim, este SE lá seguiu o seu caminho com outros argumentos a seu favor.
O corpo do iPhone 8 foi o escolhido para albergar o processador A13 Bionic, herdado diretamente dos iPhones 11, 11 Pro e 11 Pro Max. Na verdade, além do chip, poucas ou nenhumas foram as mudanças face ao iPhone 8: até a câmara era a mesma... Mas será isto mau? Não necessariamente.
O A13 Bionic, ainda hoje, garante ao SE 2020 duas coisas importantes: longevidade de suporte de software, e uma performance assinalável, dando a este pequeno equipamento a capacidade de executar qualquer tarefa sem a mínima hesitação. Porém, a autonomia poderá ressentir-se... Afinal, num corpo pequeno e fino dominado por um ecrã LCD com 4,7" não é possível encaixar uma bateria muito grande...
Atualmente, o SE 2020 já não é vendido oficialmente pela Apple, pois foi substituído pelo SE 2022. Contudo, facilmente se conseguem arranjar unidades em estado usado ou recondicionado a bom preço: cerca de 200€, ou até menos se estivermos dispostos a abdicar da qualidade estética. Este não é um mau negócio, pois estamos a falar de um iPhone que ainda é e vai ser suportado pela Apple durante uns bons anos, por um preço que o coloca lado a lado com equipamentos Android de gama baixa, pouco poder de processamento e atualizações quase inexistentes.
Claro que convém trazer à tona o elefante no meio da sala: o design antiquado do SE 2020. No entanto, há que fazer cedências quando o preço a isso obriga, e esta é uma delas. Para além disso, estamos perante um iPhone destinado a um público alvo específico, que tem de cumprir alguns requisitos: gostar de smartphones pequenos, não dar uma utilização muito exigente (devido à bateria, não ao poder de fogo), não se importar com características medianas como o ecrã, a câmara ou o design, e ter um orçamento limitado mas, ao mesmo tempo, não querer comprar algo que vai ficar desatualizado em breve. Ora, o SE 2020 cumpre todas estas premissas.
Para finalizar, resta responder à questão do título: o iPhone SE 2020 ainda vale a pena em 2023? Sim, desde que se tenha consciência do que se vai adquirir, dos seus pontos fracos e fortes, e do valor que se consegue obter pelo preço pedido. Aconselhamos sempre que o negócio seja feito num estabelecimento de confiança, que permita testar o smartphone antes da compra, e que ofereça a garantia legal obrigatória. Se isto se verificar, não há nada que possa correr mal.