Mais do que expectativas, uma opinião sobre o que poderemos ver na WWDC

Mais do que expectativas, uma opinião sobre o que poderemos ver na WWDC

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Existe um método de observação astro única chamado método de trânsito. Ele é utilizado, sobretudo, para descobrir novos planetas e funciona basicamente assim: os astrónomos apontam uma câmara para uma estrela, e ficam à espera. Caso em algum momento o brilho da estrela diminua, e caso essa diminuição aconteça com uma frequência constante, a chance é grande de existir um planeta ali.

Com a WWDC é a mesma coisa. Há anos em que as novidades são fartas, e não sobra muito tempo para intuir novas funções (ou hardware!) com base nos anúncios. Mas há anos em que as novidades são menos, digamos, chamativas, o que não significa que não estejam lá. Pensa na WWDC de 2012, por exemplo. De entre as novidades apresentadas, uma delas foi a de uma forma de programar apps com um tamanho variável de layout. Na época a Apple não falou exatamente para que isso seria usado, mas hoje é óbvio para todos que ela estava a preparar o terreno para o lançamento de um iPhone maior. A mesma coisa para, por exemplo, as funcionalidades mais avançadas de multitarefa que chegaram com primeiro iPad Pro. Meses antes, na WWDC, estavam todas as informações por lá para bons entendedores.

O que não significa que para este ano eu espere uma WWDC sem grandes... novidades óbvias, é claro. Por toda a linha da Apple, eu espero avanços que ajudem a consolidar especialmente o iOS, iPadOS e macOS como plataformas ainda mais robustas. Creio que o maior avanço virá com o iPadOS, que habita uma curiosa área cinzent em que ele já é maduro o suficiente para ser um poderosos sistema de produtividade, mas ainda muito aquém do poder que poderia ter, se A sua abordagem fosse mais próxima do macOS. Por Deus, ainda não podemos utilizar janelas livremente num ecrã de 12 polegadas! A teimosia da Apple em não evoluir o iPad na mesma velocidade com a qual evoluem as nossas expectativas sobre ele é muito mais danosa para a Apple do que a própria concorrência de outras empresas dentro dessa mesma categoria. Mas ei, ganhámos suporte a ratos/trackpad recentemente, então há esperança.

Já para o iPhone, aqui sim eu espero um ano relativamente calmo na superfície, mas repleto de novidades para quem quiser usar o método de trânsito para ver o futuro. E não digo o futuro do iPhone, mas sim o futuro da Apple. Explico: parece-me cada vez mais improvável que a Apple aproveite esta WWDC para anunciar o tao aguardado headset imersivo. Das incertezas com a economia quanto à ainda relevante falta global de componentes, não parecemos estar próximos de um lançamento ou sequer de um anúncio. Mas creio sim que esta WWDC será para o headset o que a WWDC de 2012 foi para iPhones com ecrãs maiores: um ótimo começo.

Alias, este ótimo começo já aconteceu e segue a acontecer há alguns anos. Desde o lançamento da tecnologia Metal até aos pequenos avanços de software e hardware para que os iPhones e iPads pudessem dar suporte a tecnologias imersivas, a história do headset imersivo da Apple vem sendo escrita aos poucos, mas de forma constante e consistente. Não vermos o anúncio deste produto, definitivamente não significa que as suas funcionalidades não serão anunciadas para quem quiser ver.

O que eu aposto que será o contrário do macOS. Aqui, uma plataforma com décadas de história e evolução faz deste um dos sistemas mais robustos da computação mundial. Tirando funcionalidades de integração com recursos novos do iOS e macOS, arrisco dizer que o macOS terá pouquíssimas novidades relevantes, o que dará tempo de sobra para a Apple fugir do script habitual da WWDC e anunciar hardware importantes para a comunidade de desenvolvedores. A esta altura, parece-me impossível a Apple encerrar o evento sem ter mostrado ao mundo novos portáteis e desktops, talvez até com a aguardada geração M2 dos seus processadores. Parte disso já vem sendo veiculada pela imprensa especializada há meses, o que faz deste palpite algo pouco arriscado, mas ainda assim há quem duvide de que isso possa acontecer. Definitivamente não é o meu caso.

Seja como for, acredito que num primeiro momento, poderá parecer que a WWDC de 2022 não foi exatamente um grande festival de novidades chamativas. Nos últimos anos, isso esteve sempre diretamente associado à quantidade de novidades chamativas que aparecem no iOS. Mas para realmente entender a abrangência das novidades anunciadas, precisaremos pensar no que talvez não seja anunciado, mas que pode indicar que algo grande esteja a caminho. Exatamente como fazem os astrónomos há algumas centenas de anos.

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