Num artigo que escrevi há algum tempo, decidi elaborar sobre uma página do website da Apple intitulada “Porquê o Mac?”. Pareceu-me um bom momento para refletir sobre as vantagens e desvantagens de se ter um Mac.
Então, porque não continuar esta linha de pensamento? Porque não encetar uma série de artigos intitulada “Porquê?”. E é isso que já estou a fazer. Desta feita, “Porquê o iPhone?”. Em primeiríssima análise, fui tentar obter a resposta do fabricante no seu website, tal como fiz no caso anterior. Mas a única pergunta colocada é “O que faz do iPhone um iPhone?”, remetendo para o iOS, e daí para todos os serviços adicionais que podes comprar.
Pois, eu não acho que um iPhone se resume a um iOS, tal como um Mac não se resume ao macOS. Mas que os torna únicos, lá isso torna.
Muito para além da máquina, é na interação com o ser humano que reside toda vantagem comparativa da Apple, logo, os seus OSs. Contudo, a qualidade dos materiais e dos componentes do dispositivo, bem como a sua construção dedicada, são de todo em todo fundamentais para assegurar um bom funcionamento do software. Claro que não vale a pena comentar a parte do design distintivo e vanguardista. Porque é só extraordinário e inimitável.
O que talvez já não ocorra a muitos é que a Apple foi pioneira de toda esta revolução "smartphonica". Já vamos na 13.ª iteração do iPhone, o que significa que já se passaram 15 anos desde o dia 9 de janeiro de 2007, data em que Steve Jobs detonou a bomba, cujas ondas de choque ecoam ainda hoje, e se farão sentir ainda por anos vindouros. Certo que já existiam smartphones, mas tal como Jobs proclamou: "Nós vamos reinventar o telefone".
Um novo paradigma
De facto, já não ocorre a muitos esta mudança absoluta de paradigma. Todos os leitores de MP3, máquinas fotográfias, câmaras de vídeo, Internet, e-mail, etc., passou a caber instantaneamente dentro do bolso. Um super-canivete suíço. E como já passaram 15 anos, as novas gerações não têm a perceção do gigantesco impacto que o iPhone teve na sociadade. Tudo mudou. O modo como passamos a interagir uns com outros transfigurou-se. Se, por um lado, obtivemos a mais-valia naqueles momentos constrangedores em que temos que olhar para o tecto ou para o chão de um elevador para evitar olhares de proximidade, por outro, passamos a viver nos nossos micro-mundos, isolados e alienados da sociedade. E, claro, estamos a ficar cada vez mais afetados fisicamente com a crescente corcunda que, se não tivermos cuidado, passará a definir-nos enquanto espécie num futuro próximo.
Ocorre que estas novas gerações não conhecem apenas o iPhone. É tudo mais ou menos igual, ou seja, um retângulo com um touch screen e um notch (maior ou menor) frontais e várias lentes traseiras.
Mas o pioneiro, o original, o percursor, esse veio da brilhante mente de Steve Jobs e da sua magnífica empresa da maçã trincada.
Um novo mercado
E cá estamos, a caminho dos meados da segunda década do século XXI, não sabendo o que fazer sem o nosso smartphone. Reinventar não é tarefa fácil, sobretudo quando assistimos à concorrência que, na prática, replica os lançamentos da Apple. Não nego que inove em algumas coisas. Não nego que seria simpático o iPhone ter uma slot para SD Card. Não nego que a Apple teria a obrigação de ter versões muitíssimo melhores e mais avançadas do tão adorado iPhone nesta altura do campeonato.
Afirmo, aliás, que 15 anos volvidos, considero que a Apple continua a fazer "render o peixe". Recordo-me com rasgos de irritação das versões "S". Assisto a lançamentos de processadores em sequência numérica que, muito embora sejam melhores, não justificam, no meu ponto de vista, uma troca anual de iPhone.
Mas é o mercado a funcionar. Um novo mercado em que a concorrência que o consiga, só bate o iPhone por causa dos preços. Mas é importante que assim o seja. A democratização do acesso a estes dispositivos está longe de se resumir a momentos de lazer e/ou de demonstrações públicas de detenção de um objeto de luxo. Os smarphones fazem parte das nossas vidas, substituindo, a cada passo, os nossos documentos, os nossos bilhetes de avião e de espetáculos... atualmente, até o nosso próprio certificado de vacinação. Recolhem dados de saúde que um dia poderão até interagir ativamente com os nossos médicos. As possibilidades são infindáveis.
No continente africano, não obstante os seus parcos recursos, os smartphones têm um papel incrível na aproximação das populações, através do WhatsApp, como poderás ler neste artigo.
Mas então, porquê um iPhone?
Até parece que quase não falei do iPhone até agora. Só que não. O espírito do iPhone vive em todos os smartphones que operam neste planeta. E agora sim, a tal pergunta da Apple: o que faz de um iPhone um iPhone?
Para os que possuem um ecossistema Apple, nem vale a pena responder, porque sabem bem. Mas por si mesmo, sem qualquer outro dispositivo Apple, um iPhone é uma experiência sensorial. Desperta os sentidos, e de que maneira. O toque nos materiais nobres e resistentes. O aspeto imaculado onde é notória a mais ínfima atenção ao detalhe. O som poderoso que faz corar certas colunas Bluetooth.
Depois, a interação connosco. Rápido. Preciso. De confiança. Meus caros descrentes, é a minha convicção que um iPhone no seu pior consegue superar a maioria (sim, não digo todos) da sua concorrência. Ok. Falemos no iOS. Já me estou a contradizer de algum modo, mas é incontornável. O que faz de um iPhone um iPhone? Para além de tudo o que já falei, é óbvio que o iOS. Sem notificações constantes de atualizações. Sem trajetos labirínticos para chegar onde se precisa (embora admita que já esteve melhor neste departamento, mas ainda assim...).
Porquê um iPhone? Bom, posto tudo isto, a minha resposta só pode ser igual à do meu anterior artigo: porque funciona! Não é o que se quer? Uma coisa que funcione bem e que, sobretudo, não constitua mais uma dor de cabeça para tratar nos dias tão atarefados que vivemos.
Em jeito de conclusão, um detalhe importantíssimo: é caro? Sem dúvida alguma. Mas se não formos viciados nos últimos modelos é só fazer as contas. Atentem ao tempo que um iPhone dura e nos é útil. A minha Mãe ainda tem um iPhone 7 e está ali para as curvas. Tenho amigos com um iPhone 6 e continua altamente funcional. Chega para o que é preciso. Agora dividam o preço de um iPhone 7 pelos 6 anos que já passaram desde o seu lançamento. Quantos da concorrência já vos teriam passado pelas mãos durante esta meia dúzia de anos?
Enfim, cada um com as suas preferências. Para mim, o iPhone é sinónimo de telemóvel. Neologismos. "Atende o iPhone!", "onde está o iPhone?". Tenho a sorte de o poder ir tendo. Se um dia não puder, venha a concorrência, claro. Mas porquê um iPhone? Porque, justamente, é um iPhone.
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