Lançamento do álbum Fear of the Dark do Iron Maiden, Silêncio dos Inocentes vencedor do Oscar de Melhor Filme, final da Guerra Fria. Sabe o que estas três coisas têm em comum? Aconteceram em 1992, exatamente 15 anos antes do lançamento do primeiro iPhone.
Parece inacreditável que hoje em dia estejamos tão distantes do lançamento do iPhone, do que estávamos do final da Guerra Fria quando o primeiro iPhone foi lançado. Mas é verdade. Podes fazer as contas. Eu espero.
E ao mesmo tempo que o mundo parece ter evoluído à velocidade da luz entre 1992 e 2007, eu não sei quanto a ti, mas a mim esta velocidade não parece a mesma entre 2007 e 2022. Talvez seja porque o iPhone tenha inaugurado uma nova forma evolutiva, tornando os telefones um grande centralizador de funcionalidades que, até 2007, vinham a evoluir sozinhas. Pensa nas câmaras de vídeo, por exemplo. Elas vinham a percurso um caminho isolado, inaugurado de certa forma pela câmara Super 8, e este mercado veio recebendo evoluções iterativas até que um dia se tornou obsoleto e foi substituído justamente pelo iPhone. A mesma coisa com os MP3, câmaras fotográficas, pagers, calculadoras, controlos remotos, despertadores, bússolas, e-readers, rádios, GPS, consolas de jogos, etc, etc, etc.
Como um grande buraco negro girando ao centro de uma galáxia, o iPhone sugou para dentro de si tudo o que encontrou pela frente, poupando apenas os dispositivos que não estavam próximos o suficiente, mas que ainda assim até hoje seguem presos à sua órbita.
O que não quer dizer que não existam mais câmaras digitais, por exemplo. Quase tudo o que o iPhone substituiu na prática segue existindo e tem um certo apelo para públicos específicos. Fotógrafos profissionais e amadores ainda usam câmaras digitais (ou até mesmo analógicas!), entusiastas musicais como este que vos escreve ainda tem CDs e LPs em casa – e não como meros ítens decorativos, a HP segue fazendo calculadoras… mas facto é que a grande evolução que vimos para tudo isso entre 1992 e 2007 sofreu uma desaceleração gigantesca, assim como até mesmo a luz e o tempo param quando entram num buraco negro (vamos ver até onde consigo levar esta analogia).
Para quem é pessimista, talvez isso não seja algo necessariamente positivo. Pensemos, por exemplo, numa realidade sem o iPhone. O que será que teria acontecido com a evolução tecnológica dos equipamentos que nos cercam? Teríamos… talvez… TVs holográficas? Carros voadores? Telefones com fios muito, muito compridos? É difícil dizer, é claro. Mas é inegável que por mais que o iPhone tenha revolucionado absolutamente todos os aspectos das nossas vidas pessoais e profissionais, incluindo a forma como conhecemos e nos relacionamos com as pessoas ou então buscamos novos empregos (para ocupações que sequer existiriam se não fosse o advento do iPhone), ele também nos fez mergulhar em algo como uma realidade paralela, descolada do mundo em que vivíamos até a véspera do seu lançamento.
Para os pessimistas, a boa notícia é que o mercado inteiro de telefones parece ter atingido o seu primeiro grande planalto evolutivo, o que está a obrigar as empresas a procurarem novos candidatos a rasgos temporais. Headsets imersivos são um exemplo disso, e de facto têm um potencial de mudar novamente a forma como trabalhamos, nos relacionamos e vivemos.
Já para os otimistas, esta nova realidade criada pelo iPhone representa apenas o começo. Assim como o próprio Big Bang (ha!) deu, vagarosamente origem a nuvens de gases quentes que se tornaram sóis, explodiram, e formaram elementos cada vez mais pesados até chegar à criação da Terra, dos animais e da humanidade, é impossível negar que o advento do iPhone tenha sido não só o motivo, mas a essência de todas as grandes tecnologias e novidades que vieram depois dele, proporcionando inclusive a própria existência desde site que nos une neste exato momento.
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