"Isso é um iPad?", ouço, vezes sem conta, em corredores na biblioteca, em consultórios durante estágio, nas aulas presenciais que parecem tão distantes neste momento. Costumo brincar que, para as vezes que gabo o iPad e tudo o que consigo fazer nele, já devia ter uma parceria assinada com a Apple.
Fiquei pensativa, depois de ler o artigo do Pedro. Não. O iPad não é um computador. Compreendo a questão para um engenheiro, para alguém em design gráfico que não prescinde dos programas no seu computador. Mas, para um mero estudante, por exemplo, pergunto-me se o iPad efetivamente não chega ou se é uma falta de adaptação.
O meu iPad Pro 12.9" com 256GB de armazenamento de 2018 é a minha principal ferramenta de trabalho. Seja numa biblioteca a sublinhar num livro, seja numa ala hospitalar a recolher histórias clínicas, seja a acabar pormenores de um trabalho no PowerPoint partilhado com outros colegas de curso.
Estou neste momento, sentada à frente do meu iPad Pro, de fim de semana, sem outro dispositivo eletrónico. Se for de férias, se precisar de ficar longe do meu Mac mini mais tempo, sei que este iPad não me falha.
Obviamente que não é o mesmo que ter um computador. Nunca foi a ideia. Mas, com os avanços que temos visto, há definitivamente coisas que não precisas de ter um computador para fazer. Se há aplicações que precisavam de ser redesenhadas? Sim, claro. Se há outras até mais completas que ainda faltam pormenores? Óbvio que sim.
Mas, quanto a isso, tenho outras perguntas que posso fazer. Utilizando essas aplicações, seja a escrever, desenhar, a fazer cálculos, edição profissional... Não será essa a melhor forma de avisar os desenvolvedores, de começar a ser vocal sobre o que nelas faltam?
A Apple tem até acabado por responder a muitos dos problemas levantados. O suporte a ratos, teclados, passa muitas vezes por uma questão de hábito. O Safari cresce a olhos vistos nas suas versões móveis para melhor responder às nossas necessidades. O facto de responderem de cada vez melhor em termos de multifunções aproxima-o de um computador em termos de produtividade, mas mantendo a sua essência fundamental.
"Um computador é mais que um tablet, sempre". Entendo a verdade indiscutível que seja para alguns. Mas eu nunca andaria com um computador pelos corredores de um hospital. Não quero abdicar do Mac mini, fixo, que tenho em casa ligado a um monitor UltraWide, para poder levar um portátil por meia dúzia de horas para uma biblioteca. Não quero parar de escrever as minhas notas, com a minha letra, à mão, para fazer antes num teclado de computador. Não quero ler um bom livro no meu iPhone ou no meu Mac.
O tablet dá-te a versatilidade que um telemóvel e um computador não dão, porque não foram concebidos para tal.
O tablet conjuga o melhor de ambos, podendo falhar em algumas vertentes ainda a ser limadas, porque foram feitas para os extremos.
O tablet dá-te o melhor dos dois mundos. De ter todas as palavras à distância de uma caneta, em todas as cores inimagináveis. De as ter à distância de um teclado se preferir. De, simultaneamente, poder escrever à mão ou sublinhar um livro com caneta e poder criar um vídeo e editar uma imagem – possivelmente não com o mesmo cuidado que posso fazer num computador, mas dando-me a hipótese de tal, num terreno que ainda pode ter muito para crescer, em que se calhar, faltamos nós corresponder a este e entender a sua essência.
Um iPad bom, na tua mão, com uma caneta, com uma capa com teclado, permite-te quase todos os cenários que possas imaginar. Não ganha pela complexidade do que faz numa tarefa.
Ganha em permitir-te fazer tudo o que precises, à tua frente, seja onde estiveres, a partir do que tenhas no teu bolso. Em ser o teu companheiro no dia a dia. Em servir-te na multiplicidade de tarefas que tenhas no teu quotidiano.
Porque uma boa ferramenta nem sempre é a que é melhor em tudo, mas sim a que consegue ser mais versátil no cumprimento dos teus afazeres. É a que te consegue acompanhar.
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